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Cálculo de Calorias e Macronutrientes: Fundamentos para uma Dieta Personalizada

Atualizado: 4 de jul. de 2024

1. Determinação do Gasto Energético Diário


  • Cálculo do metabolismo basal usando fórmulas (Harris-Benedict, Mifflin-St Jeor, etc.):

Para calcular o metabolismo basal (MB), podem ser utilizadas fórmulas como a de Harris-Benedict ou Mifflin-St Jeor. A fórmula de Harris-Benedict é uma das mais comumente usadas:


Homens: MB = 66,473 + (13,752 x peso em kg) + (5,003 x altura em cm) - (6,755 x idade em anos)

Mulheres: MB = 655,0955 + (9,563 x peso em kg) + (1,850 x altura em cm) - (4,676 x idade em anos)


  • Ajuste do gasto energético para nível de atividade física (sedentário, ativo, etc.):

Após calcular o metabolismo basal, é necessário ajustá-lo de acordo com o nível de atividade física do atleta. Pode-se utilizar um fator de atividade, como:

- Sedentário: 1,2

- Levemente ativo: 1,375

- Moderadamente ativo: 1,55

- Muito ativo: 1,725

- Extremamente ativo: 1,9


  • Estimativa do gasto energético total diário:

O gasto energético total diário (GET) é calculado multiplicando o metabolismo basal pelo fator de atividade física. Exemplo:

Atleta do sexo masculino, 25 anos, 80 kg e 180 cm de altura, com nível de atividade física "muito ativo":

MB = 66,473 + (13,752 x 80) + (5,003 x 180) - (6,755 x 25) = 1.793 kcal

GET = 1.793 x 1,725 = 3.095 kcal


2. Definição das Metas Calóricas


  • Cálculo do déficit calórico para perda de peso:

Para promover uma perda de peso saudável, recomenda-se um déficit calórico de 500 a 1.000 kcal em relação ao gasto energético total diário. Exemplo:

GET = 3.095 kcal

Déficit calórico = 3.095 - 500 = 2.595 kcal


  • Cálculo do superávit calórico para ganho de peso:

Para promover um ganho de peso (preferencialmente de massa muscular), pode-se adicionar um superávit calórico de 300 a 500 kcal em relação ao gasto energético total diário. Exemplo:

GET = 3.095 kcal

Superávit calórico = 3.095 + 500 = 3.595 kcal


  • Determinação das necessidades calóricas individuais: As necessidades calóricas individuais devem ser ajustadas de acordo com os objetivos de cada atleta (perda de peso, manutenção ou ganho de massa muscular). Pode-se realizar ajustes periódicos com base no monitoramento do peso corporal e do desempenho.


3. Divisão dos Macronutrientes


  • Definição das porcentagens ou gramas de carboidratos, proteínas e gorduras:

Para atletas de natação, recomenda-se a seguinte divisão macronutricional:

- Carboidratos: 50-65% do total calórico ou 5-8 g/kg de peso corporal

- Proteínas: 15-25% do total calórico ou 1,6-2,2 g/kg de peso corporal

- Gorduras: 20-35% do total calórico


  • Ajuste das metas macronutricionais de acordo com os objetivos (perda de peso, ganho de massa muscular, etc.):

Durante a perda de peso, a porcentagem de carboidratos pode ser reduzida levemente (45-55%), a de proteínas pode ser aumentada (20-30%) e a de gorduras mantida (20-35%).

Para o ganho de massa muscular, a porcentagem de carboidratos pode ser aumentada (55-65%), a de proteínas também (20-25%) e a de gorduras mantida (20-30%).


Essas orientações fornecem uma base para a determinação do gasto energético diário, definição das metas calóricas e divisão dos macronutrientes de acordo com as necessidades individuais dos atletas de natação. É importante ressaltar que ajustes adicionais podem ser necessários com base no monitoramento contínuo e na avaliação de cada atleta.


4. Contagem de Calorias e Macronutrientes


  • Leitura e interpretação de rótulos nutricionais:

Incentivar os atletas a analisar cuidadosamente os rótulos nutricionais dos alimentos, prestando atenção às informações sobre calorias, carboidratos, proteínas, gorduras e outros nutrientes relevantes. Isso permite que eles façam escolhas alimentares mais conscientes e ajustem a ingestão de acordo com suas metas.


  • Uso de aplicativos, tabelas de composição nutricional e bases de dados:

Recomendar o uso de aplicativos de contagem de calorias e macronutrientes, como MyFitnessPal, Cronometer ou similar. Esses aplicativos possuem amplas bases de dados de alimentos e facilitam o registro e a análise do consumo diário. Também é útil ter acesso a tabelas de composição nutricional confiáveis, como a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) ou a Tabela de Composição Nutricional dos Alimentos Consumidos no Brasil.


  • Cálculo manual de calorias e macronutrientes em alimentos e refeições:

Orientar os atletas a desenvolverem a habilidade de calcular manualmente o conteúdo calórico e a composição de macronutrientes em alimentos e refeições. Isso lhes permite uma maior compreensão da distribuição de nutrientes e facilita o ajuste fino das metas estabelecidas. Dicas:

- Utilizar a fórmula de cálculo: Calorias = (g de carboidratos x 4) + (g de proteínas x 4) + (g de gorduras x 9)

- Consultar tabelas de composição nutricional de alimentos comuns.

- Treinar a estimativa de porções e quantidades consumidas.


5. Planejamento de Refeições


  • Distribuição equilibrada de calorias e macronutrientes ao longo do dia:

Orientar os atletas a distribuir suas refeições de forma equilibrada ao longo do dia, de modo a atender às suas metas calóricas e macronutricionais. Recomenda-se dividir o consumo diário em 4 a 6 refeições, incluindo café da manhã, almoço, jantar e lanches intermediários. Essa estratégia mantém a glicemia estável e otimiza a utilização dos nutrientes.


  • Criação de refeições e lanches que atendam às metas estabelecidas:

Fornecer exemplos de refeições e lanches que se adequem às necessidades individuais dos atletas, tanto em termos de calorias quanto de macronutrientes. Algumas dicas:

- Café da manhã: aveia com leite, ovos e torrada; iogurte com frutas e granola.

- Almoço: arroz, feijão, frango grelhado e legumes salteados.

- Lanche: smoothie de frutas com whey protein; barras de cereal com castanhas.

- Jantar: salmão grelhado, batata-doce e brócolis.


  • Estratégias de substituição de alimentos para ajuste dos macronutrientes:

Ensinar os atletas a realizar substituições de alimentos para ajustar a composição de macronutrientes, sem alterar significativamente o valor calórico. Por exemplo:

- Substituir carboidratos refinados por integrais (arroz branco por arroz integral).

- Optar por fontes proteicas magras (frango, peixe, ovos) em vez de proteínas com maior teor de gordura.

- Trocar óleos vegetais por azeite de oliva para aumentar a ingestão de gorduras saudáveis.


6. Monitoramento e Ajustes


  • Registro do consumo alimentar e acompanhamento do progresso:

Incentivar os atletas a manterem um registro detalhado do seu consumo alimentar, anotando a quantidade, composição e horário das refeições. Isso permite acompanhar se eles estão atingindo suas metas calóricas e macronutricionais. Aplicativos de contagem de calorias e planilhas eletrônicas podem ser úteis nesse processo.


  • Realização de ajustes necessários nas metas calóricas e macronutricionais:

Com base no monitoramento do consumo alimentar e do progresso dos atletas (peso corporal, composição corporal, desempenho), realizar ajustes periódicos nas metas calóricas e macronutricionais. Esses ajustes podem incluir:

- Pequenas modificações no déficit/superávit calórico (100-200 kcal).

- Alterações na distribuição de carboidratos, proteínas e gorduras.

- Adaptações sazonais ou de acordo com as fases de treinamento.


  • Adaptação da dieta com base em respostas individuais:

Observar as respostas individuais de cada atleta às estratégias nutricionais implementadas e realizar as devidas adaptações. Alguns exemplos:

- Se o atleta apresentar dificuldade em atingir as metas de ingestão, ajustar a palatabilidade e a praticidade das refeições.

- Se houver ganho de peso excessivo, reduzir gradualmente o superávit calórico.

- Se ocorrerem sintomas gastrointestinais, avaliar a tolerância a determinados alimentos ou a necessidade de ajustes na hidratação.


Essa abordagem integrada de contagem de calorias e macronutrientes, planejamento de refeições e monitoramento contínuo permite que os atletas de natação alcancem seus objetivos nutricionais de forma personalizada e efetiva.


7. Considerações Especiais


  • Necessidades individuais com base em sexo, idade, atividade física, etc.:

As necessidades nutricionais dos atletas de natação podem variar significativamente de acordo com fatores como sexo, idade, nível de atividade física e estágio de desenvolvimento. Alguns exemplos:

- Homens geralmente têm maior gasto energético e necessidades proteicas do que mulheres.

- Atletas mais jovens, em fase de crescimento, precisam de mais calorias e nutrientes para suportar o desenvolvimento.

- Atletas com maior volume e intensidade de treinamento requerem uma ingestão calórica e de macronutrientes proporcionalmente mais elevada.


  • Adaptação da dieta para populações específicas (atletas, vegetarianos, etc.):

É importante que a dieta seja adaptada para atender às necessidades de populações específicas, como atletas vegetarianos ou veganos. Nesses casos, é essencial garantir a ingestão adequada de proteínas, ferro, vitamina B12 e outros nutrientes que geralmente são encontrados em alimentos de origem animal. Algumas estratégias incluem:

- Atletas vegetarianos: consumo de proteínas vegetais (legumes, grãos, nozes, sementes), suplementação de vitamina B12.

- Atletas veganos: combinação de fontes proteicas vegetais, suplementação de vitamina B12 e ômega-3.


  • Papel do nutricionista no acompanhamento e na orientação:

O nutricionista esportivo desempenha um papel fundamental no acompanhamento e na orientação dos atletas de natação. Ele é responsável por:

- Realizar uma avaliação nutricional completa, considerando fatores individuais.

- Elaborar um plano alimentar personalizado, com metas calóricas e macronutricionais.

- Fornecer educação nutricional e orientar sobre estratégias de implementação.

- Monitorar o progresso e realizar ajustes periódicos na dieta.

- Colaborar com a equipe técnica para integrar a nutrição ao treinamento e desempenho.


8. Educação Nutricional


  • Compreensão dos conceitos de calorias e macronutrientes:

É essencial que os atletas compreendam os conceitos básicos de calorias e macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras). Eles devem entender a função de cada um desses nutrientes, suas fontes alimentares e as implicações para o desempenho esportivo.


  • Desenvolvimento de habilidades de leitura e interpretação de rótulos:

Incentivar os atletas a desenvolverem a habilidade de ler e interpretar corretamente os rótulos nutricionais dos alimentos. Isso inclui:

- Identificar a porção e o conteúdo de calorias, carboidratos, proteínas e gorduras.

- Reconhecer termos e ingredientes-chave relacionados aos macronutrientes.

- Comparar os valores nutricionais entre diferentes opções de alimentos.


  • Conscientização sobre a importância do balanço energético e macronutricional:

Promover a conscientização dos atletas sobre a importância de manter um balanço energético e macronutricional adequado para otimizar o desempenho e a saúde. Eles devem compreender:

- A relevância de atingir as metas calóricas individuais, com base em seu gasto energético.

- A necessidade de uma distribuição equilibrada de carboidratos, proteínas e gorduras.

- As consequências de um desequilíbrio nutricional, como déficit ou excesso de nutrientes.

- A integração da nutrição com outros aspectos do treinamento e desempenho.


Essa abordagem educacional, aliada à orientação individualizada do nutricionista, capacita os atletas de natação a fazerem escolhas alimentares conscientes e a implementar estratégias nutricionais eficazes para atingir seus objetivos de desempenho e saúde.


REFERÊNCIA

Jeukendrup, A., & Gleeson, M. (2019). Sport Nutrition (3rd ed.). Human Kinetics.

Capítulo 3: "Energy and Macronutrient Requirements"

Capítulo 5: "Nutrition Strategies for Training and Competition"

Thomas, D. T., Erdman, K. A., & Burke, L. M. (2016). Position of the Academy of Nutrition and Dietetics, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicine: Nutrition and Athletic Performance. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 116(3), 501-528.

Seção sobre recomendações de macronutrientes para atletas

Maughan, R. J., & Burke, L. M. (2018). Sports Nutrition. Wiley Blackwell.

Capítulo 2: "Nutritional Needs for Training and Competition"

Capítulo 5: "Regulation of Body Weight and Body Composition"

Kerksick, C. M., Wilborn, C. D., Roberts, M. D., Smith-Ryan, A., Kleiner, S. M., Jäger, R., ... & Stout, J. R. (2018). ISSN exercise & sports nutrition review update: research & recommendations. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 15(1), 38.

Seção sobre recomendações de macronutrientes e suplementação

Rienks, J., Draper, C. E., & Weedn, A. E. (2021). Nutrition and Physical Activity for Health Promotion, Disease Prevention, and Cancer Survivorship. Springer.

Capítulo 9: "Nutrition for Sports Performance"

Otten, J. J., Hellwig, J. P., & Meyers, L. D. (Eds.). (2006). Dietary Reference Intakes: The Essential Guide to Nutrient Requirements. National Academies Press.

Tabelas e referências sobre recomendações de macronutrientes

Kabiri, L. S., Hernandez, D. C., & Mitchell, K. (2015). Reliability, Validity, and Diagnostic Value of a Pediatric Dietary Assessment Tool, the Children's Nutrition Questionnaire. Nutrients, 7(5), 3484-3498.

Aspectos metodológicos de avaliação do consumo alimentar

Kreider, R. B., Wilborn, C. D., Taylor, L., Campbell, B., Almada, A. L., Collins, R., ... & Antonio, J. (2010). ISSN exercise & sport nutrition review: research & recommendations. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 7(1), 7.

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