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Cálculo de Calorias e Macronutrientes: Fundamentos para uma Dieta Personalizada para Perda de Peso

Atualizado: 4 de jul. de 2024

1. Introdução à Perda de Peso Saudável


  • Importância do balanço energético para a perda de peso:

A perda de peso saudável depende fundamentalmente do balanço energético, ou seja, da relação entre a quantidade de calorias consumidas e o gasto energético diário. Para promover uma perda de peso duradoura e saudável, é necessário estabelecer um déficit calórico, no qual a quantidade de calorias ingeridas seja menor do que o gasto energético. Dessa forma, o organismo é levado a utilizar as reservas de gordura como fonte de energia, resultando na diminuição do peso corporal.


  • Vantagens de uma abordagem baseada em evidências científicas:

Uma abordagem para a perda de peso baseada em evidências científicas apresenta diversas vantagens em comparação a estratégias não fundamentadas:

- Eficácia comprovada: as orientações têm embasamento em pesquisas clínicas e nutricionais de qualidade.

- Segurança a longo prazo: a perda de peso acontece de forma gradual e saudável, evitando efeitos adversos.

- Sustentabilidade: as mudanças nos hábitos alimentares são duradouras, favorecendo a manutenção do peso.

- Adaptação individual: as recomendações são personalizadas com base nas características e respostas de cada indivíduo.


2. Determinação do Gasto Energético Diário


  • Cálculo do metabolismo basal usando equações validadas:

O metabolismo basal (MB) pode ser estimado por meio de equações validadas, como a de Harris-Benedict ou Mifflin-St Jeor. Essas fórmulas consideram fatores como sexo, idade, peso e altura.


Exemplo de cálculo do MB para um atleta do sexo masculino, 30 anos, 85 kg e 180 cm de altura:

MB = 66,473 + (13,752 × 85) + (5,003 × 180) - (6,755 × 30) = 1.850 kcal


  • Ajuste do gasto energético para o nível de atividade física:

Após calcular o metabolismo basal, é necessário ajustá-lo de acordo com o nível de atividade física do atleta, utilizando um fator de atividade. Por exemplo:

- Sedentário: MB × 1,2

- Levemente ativo: MB × 1,375

- Moderadamente ativo: MB × 1,55

- Muito ativo: MB × 1,725

- Extremamente ativo: MB × 1,9


  • Estimativa do gasto energético total diário:

O gasto energético total diário (GET) é calculado multiplicando o metabolismo basal pelo fator de atividade física correspondente.


Exemplo: atleta muito ativo

GET = 1.850 kcal × 1,725 = 3.189 kcal


3. Estabelecimento do Déficit Calórico


  • Definição de uma meta realista de perda de peso:

Recomenda-se que a meta de perda de peso seja de 0,5 a 1,0 kg por semana, o que corresponde a um déficit calórico de 500 a 1.000 kcal por dia. Metas mais agressivas podem comprometer a saúde e a sustentabilidade da perda de peso.


  • Cálculo do déficit calórico necessário para atingir a meta:

Para calcular o déficit calórico necessário, subtrai-se a meta de perda de peso semanal (em kcal) do gasto energético total diário.


Exemplo: atleta com GET de 3.189 kcal e meta de perda de 0,7 kg por semana

Déficit calórico diário = 3.189 kcal - (0,7 kg × 7.000 kcal/kg) / 7 dias = 789 kcal


  • Ajuste do déficit calórico de acordo com respostas individuais:

Ao longo do processo, é importante monitorar a perda de peso e realizar ajustes no déficit calórico, se necessário. Caso a perda de peso esteja aquém do esperado, pode-se aumentar gradualmente o déficit. Já se a perda for excessiva, o déficit deve ser reduzido.


Essa abordagem estruturada, com cálculos embasados em evidências científicas, permite que os atletas alcancem uma perda de peso saudável e sustentável, mantendo o desempenho esportivo e a saúde a longo prazo.


4. Divisão Macronutricional


  • Determinação das porcentagens ou gramas de carboidratos, proteínas e gorduras:

Para atletas em processo de perda de peso, a seguinte divisão macronutricional é comumente recomendada:

- Carboidratos: 45-55% do total calórico ou 4-6 g/kg de peso corporal

- Proteínas: 20-30% do total calórico ou 1,6-2,2 g/kg de peso corporal

- Gorduras: 20-30% do total calórico


  • Definição de metas específicas para cada macronutriente:

Com base no gasto energético total diário e no déficit calórico estabelecido, pode-se calcular as metas de ingestão para cada macronutriente. Por exemplo, para um atleta com GET de 3.189 kcal e déficit de 789 kcal:


- Carboidratos: 50% de 2.400 kcal = 300 g (4,4 g/kg)

- Proteínas: 25% de 2.400 kcal = 150 g (1,8 g/kg)

- Gorduras: 25% de 2.400 kcal = 67 g (0,8 g/kg)


  • Balanceamento dos macronutrientes para apoiar a perda de peso:

Essa divisão macronutricional visa promover a perda de peso de forma saudável, mantendo a saciedade, a preservação da massa muscular e a adequada ingestão de nutrientes. Algumas dicas:

- Priorizar carboidratos complexos (arroz integral, aveia, batata-doce) em vez de refinados.

- Optar por fontes proteicas magras (frango, peixe, ovos) em vez de proteínas com alto teor de gordura.

- Incluir gorduras saudáveis (azeite, abacate, nozes) em moderação.


5. Contagem de Calorias e Macronutrientes


  • Uso de aplicativos, tabelas de composição nutricional e base de dados:

Recomenda-se o uso de aplicativos de contagem de calorias e macronutrientes, como MyFitnessPal, Cronometer e similares. Esses aplicativos possuem amplas bases de dados de alimentos e facilitam o registro e a análise do consumo diário. Além disso, consultar tabelas de composição nutricional, como a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), é fundamental.


  • Leitura e interpretação de rótulos nutricionais:

Orientar os atletas a analisar cuidadosamente os rótulos nutricionais dos alimentos, prestando atenção às informações sobre calorias, carboidratos, proteínas, gorduras e outros nutrientes relevantes. Isso permite que eles façam escolhas alimentares mais conscientes e ajustem a ingestão de acordo com suas metas.


  • Cálculo manual de calorias e macronutrientes em alimentos e refeições:

Incentivar os atletas a desenvolverem a habilidade de calcular manualmente o conteúdo calórico e a composição de macronutrientes em alimentos e refeições. Isso lhes permite uma maior compreensão da distribuição de nutrientes e facilita o ajuste fino das metas estabelecidas. A fórmula de cálculo é: Calorias = (g de carboidratos x 4) + (g de proteínas x 4) + (g de gorduras x 9).


6. Planejamento de Refeições


  • Criação de refeições equilibradas e saudáveis dentro do déficit calórico:

Orientar os atletas a criar refeições que atendam às suas necessidades calóricas e macronutricionais dentro do déficit estabelecido. Alguns exemplos:

- Café da manhã: aveia com leite desnatado, frutas e nozes; omelete com legumes.

- Almoço: arroz integral, feijão, frango grelhado e salada de vegetais.

- Lanche: iogurte grego, frutas e castanhas.

- Jantar: salmão assado, batata-doce e brócolis salteado.


  • Estratégias de substituição de alimentos para ajuste dos macronutrientes:

Ensinar os atletas a realizar substituições de alimentos para ajustar a composição de macronutrientes, sem alterar significativamente o valor calórico. Por exemplo:

- Trocar arroz branco por arroz integral.

- Optar por cortes de carnes magras em vez de carnes com maior teor de gordura.

- Utilizar azeite de oliva em vez de óleos vegetais.


  • Distribuição adequada de calorias e macronutrientes ao longo do dia:

Orientar os atletas a distribuir suas refeições de forma equilibrada ao longo do dia, de modo a atender às suas metas calóricas e macronutricionais. Sugere-se a divisão em 4 a 6 refeições, incluindo café da manhã, almoço, jantar e lanches intermediários.


Essa abordagem integrada de divisão macronutricional, contagem de calorias e planejamento de refeições permite que os atletas alcancem uma perda de peso saudável e sustentável, preservando a saúde e o desempenho esportivo.


7. Monitoramento e Ajustes


  • Registro do consumo alimentar e acompanhamento do progresso:

Incentivar os atletas a manterem um registro detalhado do seu consumo alimentar, anotando a quantidade, composição e horário das refeições. Isso permite acompanhar se eles estão atingindo suas metas calóricas e macronutricionais. Aplicativos de contagem de calorias e planilhas eletrônicas podem ser úteis nesse processo. Sugere-se o registro de pelo menos 3 a 4 dias da semana.


  • Realização de ajustes necessários nas metas calóricas e macronutricionais:

Com base no monitoramento do consumo alimentar e do progresso dos atletas (peso corporal, composição corporal, desempenho), realizar ajustes periódicos nas metas calóricas e macronutricionais. Esses ajustes podem incluir:

- Pequenas modificações no déficit calórico (100-200 kcal).

- Alterações na distribuição de carboidratos, proteínas e gorduras (por exemplo, 50% carboidratos, 25% proteínas, 25% gorduras).

- Adaptações sazonais ou de acordo com as fases de treinamento.


  • Adaptação da dieta com base em respostas individuais:

Observar as respostas individuais de cada atleta às estratégias nutricionais implementadas e realizar as devidas adaptações. Alguns exemplos:

- Se o atleta apresentar dificuldade em atingir as metas de ingestão, ajustar a palatabilidade e a praticidade das refeições.

- Se houver uma perda de peso excessiva, reduzir gradualmente o déficit calórico.

- Se ocorrerem sintomas gastrointestinais, avaliar a tolerância a determinados alimentos ou a necessidade de ajustes na hidratação.


8. Considerações Especiais


  • Necessidades individuais com base em sexo, idade, atividade física, etc.:

As necessidades nutricionais dos atletas podem variar significativamente de acordo com fatores como sexo, idade, nível de atividade física e estágio de desenvolvimento. Por exemplo:

- Homens geralmente têm maior gasto energético e necessidades proteicas do que mulheres.

- Atletas mais jovens, em fase de crescimento, precisam de mais calorias e nutrientes.

- Atletas com maior volume e intensidade de treinamento requerem uma ingestão calórica e de macronutrientes mais elevada.


  • Adaptação da dieta para populações específicas (atletas, vegetarianos, etc.):

É importante que a dieta seja adaptada para atender às necessidades de populações específicas, como atletas vegetarianos ou veganos. Nesses casos, é essencial garantir a ingestão adequada de proteínas, ferro, vitamina B12 e outros nutrientes que geralmente são encontrados em alimentos de origem animal. Algumas estratégias incluem:

- Atletas vegetarianos: consumo de proteínas vegetais (legumes, grãos, nozes, sementes), suplementação de vitamina B12.

- Atletas veganos: combinação de fontes proteicas vegetais, suplementação de vitamina B12 e ômega-3.


  • Papel do nutricionista no acompanhamento e na orientação:

O nutricionista esportivo desempenha um papel fundamental no acompanhamento e na orientação dos atletas. Ele é responsável por:

- Realizar uma avaliação nutricional completa, considerando fatores individuais.

- Elaborar um plano alimentar personalizado, com metas calóricas e macronutricionais.

- Fornecer educação nutricional e orientar sobre estratégias de implementação.

- Monitorar o progresso e realizar ajustes periódicos na dieta.

- Colaborar com a equipe técnica para integrar a nutrição ao treinamento e desempenho.


9. Educação Nutricional


  • Compreensão dos conceitos de calorias e macronutrientes:

É essencial que os atletas compreendam os conceitos básicos de calorias e macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras). Eles devem entender a função de cada um desses nutrientes, suas fontes alimentares e as implicações para o desempenho esportivo.


  • Desenvolvimento de habilidades de leitura e interpretação de rótulos:

Incentivar os atletas a desenvolverem a habilidade de ler e interpretar corretamente os rótulos nutricionais dos alimentos. Isso inclui:

- Identificar a porção e o conteúdo de calorias, carboidratos, proteínas e gorduras.

- Reconhecer termos e ingredientes-chave relacionados aos macronutrientes.

- Comparar os valores nutricionais entre diferentes opções de alimentos.


  • Conscientização sobre a importância do balanço energético e macronutricional:

Promover a conscientização dos atletas sobre a importância de manter um balanço energético e macronutricional adequado para a perda de peso saudável. Eles devem compreender:

- A relevância de atingir um déficit calórico individual para promover a perda de peso.

- A necessidade de uma distribuição equilibrada de carboidratos, proteínas e gorduras.

- As consequências de um desequilíbrio nutricional, como déficit ou excesso de nutrientes.

- A integração da nutrição com outros aspectos do treinamento e desempenho.


  • Importância da abordagem personalizada para a perda de peso saudável:

Uma abordagem personalizada para a perda de peso, baseada em evidências científicas, é essencial para que os atletas alcancem resultados duradouros e saudáveis. Essa abordagem leva em consideração as necessidades individuais, as respostas fisiológicas e as metas específicas de cada atleta, garantindo a eficácia e a segurança do processo.


  • Integração dos conceitos de cálculo de calorias e macronutrientes na prática:

A aplicação prática dos conceitos de cálculo de calorias e macronutrientes, aliada a um planejamento alimentar personalizado e ao monitoramento contínuo, permite que os atletas incorporem estratégias nutricionais efetivas em seu estilo de vida. Dessa forma, eles podem alcançar a perda de peso desejada, mantendo o desempenho esportivo e a saúde a longo prazo.


REFERÊNCIA


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Capítulo 23: "Sports Nutrition"

Capítulo 25: "Weight Management"

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Recomendações sobre macronutrientes e suplementação para atletas

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Discussão sobre o balanço energético dinâmico e estratégias de perda de peso

Otten, J. J., Hellwig, J. P., & Meyers, L. D. (Eds.). (2006). Dietary Reference Intakes: The Essential Guide to Nutrient Requirements. National Academies Press.

Tabelas e referências sobre recomendações de macronutrientes

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Aspectos metodológicos de avaliação do consumo alimentar



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